A constituição de práticas feministas no Ceará ao longo das primeiras décadas do século XX foram forjadas em meio a intrincados processos que comportavam diálogos e conformações, mas também pautas e especificidades que potencializavam os feminismos cearenses a partir de suas posicionalidades. Deste modo, a intenção deste trabalho será analisar tais processos de emergência e institucionalização de experiências e organizações feministas de primeira onda na capital cearense durante a década de 1930, atentando-se às redes/contatos, possibilidades e disputas de poder esboçadas a partir das relações entre feministas cearenses e a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF). Partindo da imprensa periódica e de correspondências e ancorando-se nas contribuições de Scott (2002), Femenías (S/ info.), Koselleck (2006), dentre outros, procurar-se-á compreender feminismos e suas significações enquanto constructos históricos continuamente mutáveis e conflituosos, assim como as relações identitárias forjadas a partir de tais marcadores políticos. Conclui-se que os processos de institucionalização de entidades feministas ligadas à FBPF constituíram-se em elementos desencadeadores de dissensos entre feministas cearenses, alimentando disputas de legitimidade, conflitos internos e externos, de representação e/ou liderança. A proposta será de lançar tais conflitos no campo do ordinário, das dinâmicas que atribuem movimentação ao cotidiano e à vida dos sujeitos, ambos eminentemente atravessados pela política.
Palavras-chave: Entidades feministas. Ceará. Disputas. Década de 1930.