“Brasil Paralelo”, “Brasil Caramelo”: rememorações do golpe civil-militar e o filme “1964: o Brasil entre armas e livros” no tempo presente

Autor(a) principal: Edmilson Alves Maia Júnior
Co-autor(a): -

A presente comunicação faz parte de atividades do Projeto de Extensão FONTES HISTÓRICAS DA DITADURA, que desenvolvemos em Escolas, Universidades e Canais Digitais, e nela analisamos o filme “1964: O BRASIL ENTRE ARMAS E LIVROS”, lançado em 2019. Primeiramente, o fazemos a partir de um debate de seu produtor e principal veiculador: a empresa “Brasil paralelo”. E com a narrativa audiovisual citada como parte de um empreendimento autoproclamado como “educativo e de entretenimento” e que executa, em nossa visão, um programa de negacionismos no tocante a ditadura, mas também de outros processos de violência e repressão. Interpretamos tais dimensões materializadas e (re) criadas  no enredo do filme a partir dos seguintes eixos que recortamos sobre a constituição da película em questão: 1) a percepção de definições e articulações de temporalidades em dados projetos políticos-empresariais-educacionais e suas narrativas; 2) a conexão com monopólios e interesses das plataformas digitais, controle e manipulação de dados, em um “capitalismo de vigilância” (ZUBOFF, 2020) e conectividades em termos de “celularização”/precarização do mundo (BERARDI, 2019); 3) a atualização do pensamento e repertório de práticas autoritárias e antidemocráticas no Brasil. Concluímos que o filme, bem como a referida empresa, atuaram, atuam, no tempo presente a favor de valores oligárquicos, preconceituosos e hierarquizantes, aproveitando-se de demandas por história e usos do passado no mundo contemporâneo (MENESES, 2019). Por estudamos tal obra imersa nas rememorações e revisionismos do contexto de “55 anos de 1964”, em 2019, e em suas repercussões, inclusive em textos historiográficos que se debruçaram sobre ela e a empresa que a produziu, e a interpretamos também nas circunstâncias que ocorre o Simpósio Temático, das diferentes rememorações em curso e em construção sobre os “60 anos do Golpe”, em 2024, proporcionando abordagens e posicionamentos diante a tessitura do tempo presente em projetos, utilizações e disputas da Historia em meio as lutas políticas em andamento.

 

Palavras-chave: Negacionismo. Rememorações. Ditadura. Narrativa. Temporalidades.