História e historiografia sobre as “marchadeiras” de 1964

Autor(a) principal: Eduardo dos Santos Chaves
Co-autor(a): -

Nesta presente comunicação pretendo discutir a escrita acadêmica sobre as organizações cívicas de mulheres de direita que surgiram no Brasil na primeira metade da década de 1960, em apoio à conspiração que desembocou no golpe de 1964 e, posteriormente, em adesão à ditadura civilmilitar. A proposta é apresentar um quadro geral do que foi escrito no campo acadêmico em relação a esses grupos femininos, até o presente momento, levando-se em consideração os contextos em que tais trabalhos foram produzidos, as diferentes perspectivas teóricas e metodológicas, as fontes e os locais de pesquisa. Como resultado, identifiquei duas perspectivas historiográficas cujo ponto de divergência principal reside na forma pela qual compreendem quem eram essas mulheres, o que as moviam e, sobretudo, quais foram seus papéis entre o golpe de 1964 e o regime ditatorial. Ou seja, se nos anos 1980 elas foram vistas como “instrumentos” das classes dominantes para a tomada do Estado em 1964, a partir do final da década de 1990 elas passaram a figurar como sujeitos políticos com autonomia suficiente para assumirem posições golpistas e autoritárias. Cabe ainda destacar que as perspectivas não são contemporâneas, sendo que o conjunto de textos foi produzido em momentos distintos: o primeiro em pleno processo de redemocratização, e o segundo a partir de governos democraticamente eleitos. Ao mesmo tempo, é preciso levar em consideração que elas partem de duas áreas das ciências humanas – a Ciência Política e a História – cujas preocupações e indagações nem sempre foram as mesmas, embora tenham estabelecido diálogos profícuos ao longo do tempo. Por último, demonstro que ainda haverão de ser descortinadas as complexas trajetórias dessas entidades e de suas associadas, seja apoiando, distanciando-se e/ou acomodando-se à ditadura civil-militar.

 Palavras-chave: Mulheres. Direitas. Ditadura.