Neste trabalho se pretende analisar a relação da Fashion designer Zuzu Angel com a ditadura civil-militar. A designer de moda, que ficou bastante conhecida nacional e internacionalmente, viveu uma dura fase quando seu filho militante Stuart Angel foi preso e assassinado pelo regime em 1971, ocasionando em uma incessante busca pelo corpo do seu filho desaparecido. Em decorrência disso, no final do ano de 1971, Angel utilizou sua moda como artifício para criar um manifesto político em um desfile da coleção International Dateline Collection III, na cidade de Nova York. Tendo isso em vista, procuramos analisar o poder simbólico das roupas e da moda e sua repercussão na mídia brasileira. Para tanto, recorremos a fundamentação teórica de Pierre Bourdieu. Nesse percurso, também buscamos discutir a reação da imprensa ao fato de Zuzu Angel ter feito um desfile-político em Nova York denunciando a ditadura, nos perguntamos se a designer sofreu censura e/ou foi silenciada pelos jornais. Serão analisados matérias de jornal do período, dando um maior enfoque ao Jornal do Brasil, que possuía grande circulação na capital carioca e que dispunha à época de um importante caderno de cultura que dava bastante destaque para a moda da época. Nos propomos em analisar, ainda, o desfile-político de 1971 e as próprias roupas por meio de fotografias, coletadas no acervo digital do Instituto Zuzu Angel – IZA. No decorrer da pesquisa, diagnosticamos que esta foi em parte silenciada pela mídia, que negligenciou os aspectos políticos do desfile em suas matérias. Por fim, pudemos constar que a moda foi diretamente influenciada pelo contexto da época, assim como outros aspectos da cultura, refletindo nas próprias criações de Zuzu Angel, que utilizou suas coleções como uma deliberada estratégia política de enfrentamento à ditadura.
