O estudo sobre o processo da transição política brasileira, que se configurou a partir da segunda metade da década de 1970, encontra na documentação produzida pela grande e pequena imprensa, bem como pelos órgãos oficiais de imprensa do Estado, um dos principais meios para a análise da construção e das relações de força que marcaram os discursos políticos veiculados no período. Assim, a imprensa, especialmente os jornais, é pensada a partir de seu papel nas articulações que nortearam o processo de abertura política da Ditadura Militar para a chamada Nova República. Suas ações, na maioria das vezes, pautaram-se na publicização do discurso de que era necessária uma nova pactuação federativa e na resolução dos sérios problemas sociais, como pobreza, violência e analfabetismo. Diante de tais condições, a produção e circulação do discurso jornalístico evidenciam o complexo jogo político do período, particularmente das (re)articulações dos grupos, que desde o primeiro momento, estiveram associados aos militares no poder. Por essa perspectiva, o presente artigo perscruta o lugar do jornal mossoroense Gazeta do Oeste no contexto da abertura e da transição política da Ditadura Militar para a redemocratização, procurando entender como suas pautas sociais e políticas, além de estarem associadas às articulações dos grupos locais em Mossoró, também apresentavam elementos de um Estado Autoritário que encontrava formas de se ajustar aos “novos tempos”.
Palavras-chave: Imprensa. Ditadura Militar. Transição. Redemocratização. Rio Grande do Norte.