O “sublime escravo” e o negro cidadão: resistência escrava e diálogos intelectuais na escrita de Clóvis Moura

Autor(a) principal: José Maria Vieira de Andrade
Co-autor(a): -

A presente proposta de reflexão está vinculada a um projeto de pesquisa em desenvolvimento, que trata da questão do protagonismo negro em várias esferas do universo cultural, especialmente sobre aquele que se materializou por meio da atuação política de indivíduos negros e negras pelos mais diferentes lugares do Mundo Atlântico. Esse parece ser o caso do que teria ocorrido com a produção intelectual de Clóvis Steiger de Assis Moura. Um indivíduo dono de vasto legado intelectual, que atravessa várias áreas do saber, e que atuou em diferentes campos do universo cultural brasileiro, contribuindo diretamente para o redirecionamento do pensamento ativista negro no Brasil, ocorrido sobretudo na segunda metade do século XX. No presente estudo, nosso propósito consiste justamente na tentativa de refletir sobre algumas particularidades da escrita de Moura, por meio da análise das redes de sociabilidades e das trocas intelectuais que ele teria mantido, ao longo do seu trajeto. Na oportunidade discutiremos também a forma peculiar com a qual Moura procurou construir uma narrativa da história da resistência negra, no Brasil e na América Latina, no esforço de entender melhor os alguns pontos de conexão de sua escrita intelectual com a de outros nomes importantes da intelectualidade negra do Mundo Atlântico, tais como C. L R. James e Frantz Fanon. Acreditamos que por meio da mencionada reflexão será possível entender melhor alguns dilemas fundamentais do pensamento ativista negro, em termos nacionais e transnacionais, a exemplo do que classificamos como sendo os lugares-comuns que caracterizaram a maneira dos ativistas em apreço conectarem ideias antirracistas com certos preceitos do pensamento marxista nos seus livros e textos diversos.

 

Palavras-chave: Clóvis Moura. Escrita da História. Marxismo.