“Para grandes males, grandes remédios”: o cotidiano das “meretrizes” na cidade do Crato-CE 1940-1950.

Autor(a) principal: Ravenna Rodrigues Cardoso - URCA
Co-autor(a): Simone Pereira da Silva - URCA, Maria Lucélia de Andrade - URCA

A imagem da mulher prostituta é permeada por estigmas e preconceitos, pois essas quase sempre foram percebidas como desregradas e tendo sua sexualidade considerada doentia, sendo a sua própria existência um modelo de feminilidade a não ser seguido por terem seus hábitos considerados condenáveis. Desta forma, entendemos que as imagens construídas para elas, ultrapassam os dizeres do senso comum sobre as práticas da prostituição. Acreditamos que pesquisar essa temática é importante pelo fato de por muito tempo, as mulheres terem sido excluídas da escrita da História. A prostituição enquanto objeto de pesquisa, merece atenção dos pesquisadores por se tratar de um fenômeno social permeado de conflitos das mais diferentes ordens. Neste presente trabalho, propomos compreender os seus conflitos cotidianos e as estratégias de sobrevivência das mulheres prostitutas em meio a tantos estigmas e ataques pautados em valores sociais e morais que enxergam a sua existência como “geradora de desordem social”. A presença de sua figura foi constantemente alvo de denúncias de diferentes setores sociais, tais como a justiça, a imprensa, a Igreja, a sociedade local e a medicina. Tomamos como recorte espacial para esse estudo, a cidade do Crato, localizada na região do Cariri, ao sul do Estado do Ceará, e como delimitação temporal as décadas de 1930-1940. Para isso, utilizaremos como fonte para a realização da pesquisa, processos judiciais disponíveis no Centro de Documentação do Cariri – CEDOCC (URCA), bem como o periódico local ligado a Diocese da cidade do Crato – CE, intitulado “A Ação”. Assim, pretendemos ao longo dessa pesquisa que se encontra em andamento contribuir para a historiografia cearense, trazendo as Histórias dessas mulheres que por muito tempo foram excluídas da escrita da História.