Representações, história, memória e usos políticos do passado: a trajetória de José Bernardo de Medeiros, o “guia do povo seridoense” (Rio Grande do Norte 1907-1988).

Autor(a) principal: Dikson de Almeida Freire - UERN
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Em janeiro de 1907 o senador norte-rio-grandense José Bernardo de Medeiros morreu, na fazendo de seu genro. Detentor de um grande capital político, construído ainda no período monárquico e que rendeu bons frutos durante a Primeira República. Nosso trabalho aborda a construção de representações sobre José Bernardo postas em circulação após a sua morte. Foram analisadas as biografias sobre ele escritas por Manoel Dantas (1907), Pe. Eymard Monteiro (1945) e José Augusto (1954, 1968, 2008). Essas representações estão vinculadas a construção de uma memória a respeito da atuação política de José Bernardo e dos grupos políticos que se consideravam seus herdeiros. Por fim, o último escrito sobre José Bernardo é o livro de Olavo de Medeiros Filho, Caicó, cem anos atrás, (1988) obra que trouxe na capa a foto de José Bernardo e foi patrocinada pelo seu neto, também político, o senador Dinarte Mariz. Para que seja possível compreender a construção dessas representações tomamos por base a História Cultural pensada por Roger Chartier, a partir do esquema conceitual de representação, apropriação e circulação, pois nos permite lançar reflexões de como sua atuação política foi apropriada. A respeito da memória construída a partir dessas representações, tomamos como referência os estudos sobre a relação entre memória e história promovidos pelo filósofo Paul Ricoeur e os historiadores Enzo Traverso e Fernando Catroga. Em nossa pesquisa, percebemos que Manoel Dantas, pe. Eymard Monteiro e José Augusto, selecionaram fatos e eventos da vida de José Bernardo. A partir dessa seleção, construíram representações a seu respeito e criaram uma memória para ele. Essa memória esteve vinculada aos sertões do Seridó, e serviu na legitimação de grupos políticos advindos dessa parte do Rio Grande do Norte. O maior exemplo foi Dinarte de Medeiros Mariz, também neto de José Bernardo e “incentivador” da produção de memórias e histórias sobre o Seridó.

 Palavras-chave: José Bernardo. Seridó. Sertões. História do Rio Grande do Norte. Usos políticos do passado.