O trabalho visa analisar as representações anticomunistas produzidas pelo então presidente da Academia Piauiense de Letras, Simplício de Sousa Mendes (1959-1971) na imprensa piauiense durante o governo Goulart e o início da ditadura militar. Como objetivo específico pretendemos identificar como os seus posicionamentos anticomunistas estão relacionados com suas opiniões contrárias às reformas de base, ao governo Goulart e a qualquer medida que vise mudar o modus operandi da sociedade. Além disso, objetivamos analisar como o seu “combate ao comunismo” foi utilizado para difamar, denunciar e criminalizar adversários políticos que tivessem opiniões políticas favoráveis às reformas sociais e como, durante a ditadura militar, utilizou os meios de comunicação para acusar e incentivar prisões de seus opositores políticos. Almejamos inserir as representações produzidas por Simplício de Sousa Mendes no seu “lugar social” (Certeau, 1998), pois as suas visões de mundo e as suas narrativas não representam apenas os seus posicionamentos individuais, mas também dos grupos políticos conservadores do Piauí do qual fazia parte. O recorte temporal da pesquisa inicia-se em 1961, no início do governo Goulart e termina em 1971, ano do falecimento do intelectual pesquisado. As fontes utilizadas nessa pesquisa foram os seus escritos nos jornais O Dia e Folha da Manhã. A pergunta norteadora da pesquisa foi: qual é a relação das representações anticomunistas produzidas por Simplício de Sousa Mendes durante o golpe de 1964, apoiado e aderido pelas elites piauienses, com a ditadura militar? A pesquisa utilizará os conceitos de representação e apropriação elaborados pelo historiador Roger Chartier (2002), os conceitos de “lugar social”, “tática” e “estratégia” do teórico Michel de Certeau (1998), “poder simbólico” de Pierre Bourdieu (1989), a análise do discurso defendida por Michel Foucault (1999) e trabalharemos a imprensa de acordo com a metodologia defendida pela historiadora Maria Helena Capelato (2015) e José D’Assunção Barros (2023). A discussão historiográfica será ancorada nos seguintes pesquisadores: Daniel Aarão Reis (2000 e 2014), Francisco J. Leandro Araújo de Castro (2022), Flávia de Sousa Lima (2011), Marylu Araújo de Oliveira (2007 e 2008), Rodrigo Patto Sá Motta (2002 e 2021).
Palavras-chave: História. Imprensa piauiense. Anticomunismo. Ditadura militar. Representação.