No trabalho em tela, buscamos analisar a ditadura ocorrida entre 1964-1985, a partir da perspectiva da História do Tempo Presente. Sendo assim, compreendê-la como processo inacabado, percebendo as tensões, práticas e discursos que se alimentam de seu contexto numa relação permanente de passado-presente. São muitos elementos deste passado que não passa dos quais precisaríamos investigar para sermos mais assertivos na noção sobre os aspectos inconclusos que caracterizam a ditadura militar brasileira, mas nos detivemos em alguns, tais como: a contínua influência militar nos processos políticos e os apelos morais e religiosos que continuam vigentes na sociedade brasileira e servem para fortalecer o apoio contra as mudanças sociais, culturais e políticas que se estabelecem. Neste sentido, o retorno do discurso anticomunista e de mobilizações religiosas como a Marcha da Família com Deus Pela Liberdade voltam à cena. Para analisar este passado atual ou este processo permanente de atualização, apoiamo-nos nos pressupostos teóricos de (ROUSSO, 2016), para quem, a memória é a presença do passado – História que não passa, e (DOSSE, 2012) que, defende a ideia de uma verdadeira singularidade da noção da História do Tempo Presente que reside na contemporaneidade do não contemporâneo, na espessura temporal do espaço de experiência e no presente do passado incorporado. Com isso, buscamos perceber os elementos que caracterizam este passado presente, posto nas práticas e discursos que sustentaram o golpe de 1964 e a ditadura militar e sua relação com o Brasil recente.
Palavras-chave: Ditadura militar. História do Brasil. História do Tempo Presente.