Do presentismo ao atualismo: digital e uma nova semântica histórica.

Autor(a) principal: Luiz Alexandre Pinheiro Kosteczka - UFPR
Co-autor(a): -

Não se trata de uma novidade o campo de reflexão em torno das implicações da informática e do digital para a escrita de história. No Brasil, aponta-se para contigência deste debate ao menos desde meados da década de 1990 (FIGUEIREDO, 1997). Mas reconhecemos que os avanços do campo acadêmico, por vezes, não acompanham a produção ultra-acelerada da big-data, da cibernética e das tecnologias digitais. Ou seja, por vezes, o labor historiográfico está no contra-tempo de uma contemporaneidade de imersão informacional, esforçando-se em alcançar as mudanças que deslocam as percepções entre o presente, passado e futuro. Estaríamos em uma nova revolução do tempo, em um processo de ressignificação semântica de nosso tempo histórico (KOSELLECK, 2006)? Este questionamento geral desdobra-se nas várias dimensões da contemporaneidade que implicam na reflexão histórica. A lógica da infinita produção de rastros e arquivamento; a expectativa e a experiência no mundo rarefeito das imagens pulverizadas nas telas inteligentes; as capacidades de interdição e proliferação dos discursos a respeito do passado nas mídias da web 2.0; a capacidade governativa das ciências algorítmicas para a vida acadêmica da web 3.0 (TIQQUNIM, 1999). Somados a outros tantos, esses quatro processos pressionam a operação historiográfica (CERTEAU, 2015) e, nesse sentido, pode-se hipotetizar o papel das tecnologias digitais e da cibernética para aquilo que François Hartog (2013) denominava como experiência presentista do tempo: o presentismo. No entanto, dados os limites da circunscrição e especificidade do diagnóstico de Hartog, Valdei Lopes de Araujo e Mateus Henrique Pereira (2018) propõem o conceito de atualismo como uma nova forma de apreensão desta nova atitude para com a história. Assim, nesta comunicação, partiremos do tensionamento dos distintos conceitos de presentismo e atualismo para encontrarmos caminhos para entendimento da hipótese da digitalidade como uma nova semântica do tempo histórico.

Palavras-chave: História; Digital. Presentismo. Atualismo.