O presente ensaio se propõe a levantar reflexões acerca da prática docente em História e a condição deste corpus de conhecimentos na contemporaneidade. Entende-se inicialmente que, por um lado, cabe ao docente reconhecer que, se a História propicia um acesso verossímil ao passado, a operação historiográfica (Certeau, 1982) desenvolvida pelos pesquisadores que validam este corpus de conhecimentos é humana, e por si só dotada de subjetividades (Jenkins). Simultânea e consequentemente, o professor de História, em sua práxis, precisa pensar uma segunda dimensão, que envolve a apropriação dos conhecimentos acadêmicos e o necessário entendimento dos processos de recontextualização (Bernstein, 2003) aos quais são submetidos tais saberes até que cheguem ao interior da sala de aula, o que se faz ainda mais urgente em tempos de neoliberalismo e ataques a interesses coletivos, na medida em que se reconhece a história como elemento-chave para leituras de mundo que permitam a autonomia dos sujeitos. A discussão é ancorada em aporte bibliográfico composto pelas contribuições teóricas de autores diversos como Prost (2020), Certeau (1982), Jenkins (2014), Bittencourt (2018). Considera-se aqui que a construção do passado através da linguagem distancia-se da neutralidade sonhada pelos positivistas, em um movimento que se afirma quanto mais se caminha em direção a novas subjetividades e, neste ínterim, amplia-se a necessidade do professor de História debruçar-se sobre a complexidade do seu tempo, dialogando entre temporalidades diferentes e tornando a sala de aula lócus privilegiado para aprendizagens emancipadoras.
Palavras-chave: Vaqueiro. Piauí. Tradição. Corpo.